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“Virginia”, primeira peça escrita por Cláudia Abreu e inspirada na obra e vida de uma das maiores artistas do século XX, Virginia Woolf, trata de questões desgraçadamente cotidianas às mulheres sentadas nas poltronas ao lado. Misoginia, assédio moral, discriminação intelectual, violência psicológica, estupro e interferência masculina em decisões referentes à maternidade e ao prazer feminino fazem parte do inventário de vida feito pela escritora inglesa imediatamente antes de seu suicídio, tal qual imaginado pela atriz e agora dramaturga, após rigorosa pesquisa.
"Virginia" é o resultado dos vários atravessamentos que Virginia Woolf (1882-1941) provocou em Cláudia Abreu ao longo de sua trajetória. A vida e a obra da autora inglesa são os motores de criação deste espetáculo, fruto de um longo processo de pesquisa e experimentação que durou mais de cinco anos.
Em cena, a atriz interpreta a genial escritora inglesa, cuja trajetória foi marcada por tragédias pessoais e uma linha tênuec entre a lucidez e a loucura.
A relação de Cláudia com Virginia Woolf começa em "Orlando", montagem assinada por Bia Lessa, em 1989. Aos 18 anos, ela travou contato inicial com a escritora de clássicos como "Mrs Dalloway", "Ao Farol" e "As Ondas". No entanto, somente em 2016, com a indicação de uma professora de literatura, que a atriz reencontrou e mergulhou de cabeça no universo da
autora. Após ler e reler alguns livros, incluindo as memórias, biografias e diários, a vontade de escrever sobre Virginia falou mais alto. "Eu me apaixonei por ela novamente. Fiquei fascinada ao perceber como uma pessoa conseguiu construir esta obra brilhante com tanto desequilíbrio, tragédias pessoais e problemas que teve na vida. Como ela conseguiu reunir os cacos?", questiona a atriz, que enxerga "Virginia" também como um marco de maturidade em sua trajetória: "O texto também vem deste desejo de fazer algo que me toca, do que me interessa falar hoje. De falar do ser humano, sobre o que fazemos com as dores da existência, sobre as incertezas na criação artística, e também falar da condição da mulher ontem e hoje. Não poderia fazer uma personagem tão profunda sem a vivência pessoal e teatral que tenho hoje", avalia.
A dramaturgia foi concebida como inventário íntimo da vida da autora. Em seus últimos momentos, ela rememora acontecimentos marcantes em sua vida, a paixão pelo conhecimento, os momentos felizes com os queridos amigos do grupo intelectual de Bloomsbury, além de revelar afetos, dores e seu processo criativo. A estrutura do texto se apoia no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capaz de "dar corpo" às vozes reais ou fictícias, sempre presentes em sua mente.
A peça faz parte da SenThe - Semana Nacional do Theatro 2024 que acontece no Complexo Clube dos Diários até o dia 27 de março. A troca dos ingresso já começaram , um kilo de leite por dois ingressos por pessoa.
Atualmente Claudia Abreu está no ar na TV Globo com a reprise de Cheias de Charme onde viveu a personagem Chayenne que é natural do Piauí.